conheça a história da Família Miada, que agregou valor aos produtos da marca miada com a industrialização da Fazenda Boa Esperança
A AGRICULTURA: UMA INDÚSTRIA A CÉU ABERTO
A Agricultura, frequentemente subestimada, vai além de uma simples atividade, é uma indústria a céu aberto, repleta de nuances tão complexas quanto as encontradas nos centros industriais urbanos. No Brasil, os produtores rurais desempenham o papel de maestros, orquestrando uma sinfonia de elementos que influenciam diretamente na produção agrícola. Desde o clima imprevisível até as sutilezas do solo, passando pela genética das plantas e as técnicas de manejo, eles enfrentam desafios e oportunidades que rivalizam com qualquer outro setor. São os produtores que da “porteira para dentro” harmonizam os caprichos do clima, as particularidades do solo, a genética das culturas e os métodos de manejo.
Por muitas décadas, o Brasil consolidou sua reputação como um dos principais exportadores de matérias-primas agrícolas, enviando grãos, carnes, frutas e outros produtos a todos os cantos do mundo. Contudo, essa abordagem, embora lucrativa, tem suas limitações. Os preços das commodities são voláteis, e os produtores frequentemente enfrentam margens apertadas. A dependência exclusiva da exportação de matérias-primas também expõe o setor agrícola a flutuações nos mercados internacionais.
Nesse contexto desafiador, muitos produtores rurais brasileiros, estão reescrevendo sua trajetória. Em vez de serem apenas fornecedores de matérias-primas, eles estão embarcando em uma jornada audaciosa em direção à industrialização. Estão investindo na transformação de seus produtos em itens acabados, prontos para o consumo ou para outros ramos da indústria. Essa mudança de mentalidade não é apenas corajosa; é uma grande oportunidade para agregar valor e sustentabilidade às suas lavouras.
Hoje, em todas as regiões do Brasil, famílias rurais estão colhendo os frutos dessa transformação. Eles não apenas cultivam a terra, mas também cultivam laços sólidos de cooperação e parceria. Com um espírito incansável, eles abraçaram a inovação como uma maneira de agregar mais valor às suas colheitas.
São os “maestros” como a notável família de Antônio Massao Miada que decidiram ir além da porteira de suas fazendas e ingressar na indústria, transformando suas matérias-primas em produtos finais de alta qualidade, agregando valor e sustentabilidade a sua produção agrícola.
Os Miada expandiram verticalmente sua produção agrícola, expandindo suas operações para abranger o processamento e a transformação dos seus produtos, permitindo maior controle sobre sua cadeia de valor. Isso não só agrega valor aos produtos, mas também proporciona benefícios consideráveis.
UMA JORNADA ÉPICA RUMO À INDUSTRIALIZAÇÃO
Em um mundo de esperanças e sonhos que atravessam oceanos, a história da família Miada ganha vida como um testemunho resiliente de dedicação à terra e às raízes. Uma jornada que se inicia com um jovem sonhador, um adolescente de 15 anos, deixando sua pátria em busca da lendária terra das oportunidades: o Brasil.
Prometido a uma vida de riqueza fácil, Tomozilo Miada, patriarca da família, apenas um garoto na época, encontrou-se rapidamente imerso na realidade crua da lavoura de café. O que era para ser uma jornada de riqueza transformou-se em uma jornada de trabalho árduo. De cavoucar o solo a cultivar algodão, cada semente plantada e colhida carregava o peso da esperança de um futuro melhor.
O patriarca, teve nove filhos: Antônio Massao,Teresa, Elza, José, Mário, Amélio, Ilda, Júlia, e Amélia, uma miscelânea de almas igualmente trabalhadoras e determinadas, começou sua luta na agricultura. Enquanto São José da Bela Vista viu suas mãos transformarem a terra, Guaíra, em São Paulo, foi o palco de suas primeiras incursões no mundo da irrigação, uma técnica que logo se tornaria um divisor de águas em suas vidas e este foi um dos motivos pelo qual a Prefeitura Municipal de Guaíra prestou homenagem a ele, a feira municipal leva seu nome TOMOZILO MIADA
Sua dedicação e senso de justiça se perpetuaram mesmo depois que Tomozilo Miada completou sua caminhada aqui na terra, sua esposa, Dona Shimaco Issizaki Miada, mais conhecida como Margarida antes de falecer, deixou um legado de justiça ao dividir as terras por sorteio entre seus filhos, deixando uma propriedade para cada filho, e dividiu 50 alqueires da fazenda Coqueiro da família, localizada em Guaíra , em partes iguais para as cinco filhas, onde os irmãos abriram mão das suas partes, a partir desse momento, cada um trilhou seu próprio caminho.
O PRODUTOR QUE QUERIA SE ENGENHEIRO MECÂNICO
Antônio Massao Miada, um dos filhos deste corajoso pioneiro, partiu para Ribeirão Preto em busca de conhecimento em mecânica. A jornada o levaria muito mais longe, até Uberaba, onde uma nova história estava prestes a começar. Com uma base em mecânica e uma determinação inquebrantável, ele traçou caminhos além da imaginação de seus ancestrais.
Casado com Catarina Mitsuko Shequimura Miada, esposa que sempre apoiou o marido em tudo acompanhando sua trajetória e incentivando em todas suas ações, tiveram três filhos Sandro Tomorriro Miada, Cleber Massayuki Miada e Fabiana Shizuko Miada casados com seus respectivos cônjuges Cláudia Muraishi Miada, Liliane Aratani Sakai e Ernesto Noboru Yamashita lhe presentearam com nove netos Melissa, Livia, Murilo, Gustavo, Rafael, Ana Paula, Leonardo, Vitor e Gabriel. Dona Catarina é um grande alicerce nesta jornada, com pulso firme, mas com amor incondicional à família
A SABEDORIA DA DONA CATARINA
Mas foi Dona Catarina que com muita sabedoria soube equalizar e dar equilíbrio aos conflitos que surgiam. Investiu na educação de seus filhos com aspirações divergentes, O filho Sandro trocou a medicina pela agronomia, e Cleber tornou-se técnico agrícola. Sua sabedoria permitiu que o pai gradualmente fosse cedendo espaço e autonomia aos filhos. E quem sempre acompanhava tudo isso de perto, é o tio Amélio Miada que morou com eles e que continuou sendo até hoje o tio que eles mais escutam. Assim,com muito trabalho e resiliência o legado da família cresceu em valor, enriquecido pela expertise acumulada e pelo respeito compartilhado. Hoje, cada um contribui com seu conhecimento e visão, mas o trabalho de união familiar, nutrido pela mãe, fortaleceu as pontes entre as gerações.
As estações mudaram, as culturas se transformaram, mas o espírito incansável da família persistiu. E assim, o futuro tomou forma nas mãos da próxima geração. Massao e seus filhos Sandro, agrônomo e Cleber técnico agrícola, ambos talentosos, deram continuidade à herança familiar. Desde Conceição das Alagoas a Veríssimo, de Ponte Alta a Uberaba, eles plantaram não apenas culturas, mas também esperanças. A escolha de plantar cenouras e cebolas foi uma decisão consciente que trouxe renovação às terras que abraçaram.
A VIRADA DE CHAVE
Depois de idas e vindas a cidade de São Gotardo, pioneira com mais de quatro décadas de experiência em plantio de cenouras, que moldaram sua trajetória. Após várias visitas e uma busca constante por conhecimento, eles criaram uma estrutura que abraçava suas aspirações. E a partir de 2017 resolveram industrializar os produtos que cultivavam em suas lavouras
Movidos por uma determinação inabalável, em um espaço de um ano e meio, ergueram uma estrutura que mudaria o curso de suas histórias. A ajuda de indivíduos já enraizados no mercado, que já haviam construído relações com compradores, foi crucial para essa transição. Uma nova era se iniciava, uma que exigia uma nova abordagem para atender às demandas de clientes que agora buscavam produtos de qualidade superior.
Transformaram a Fazenda Boa Esperança, com seus 3000 mil hectares de produção, uma testemunha do legado da família. Uma intrincada rede de 1800 hectares irrigados e 1200 hectares de sequeiro, que abriga uma variedade deslumbrante de oito tipos de culturas como Cebola, Trigo, Feijão Alho, Cenoura, Soja, Milho e Abóbora, tem até um lago com peixes. Mas a verdadeira maravilha é a simbiose entre o cultivo e a comunidade. Cebolas e alhos são colhidos e podados manualmente, uma abordagem que gera empregos e impulsiona a economia local. A equidade é o alicerce, com todos os envolvidos recebendo pela produção – um elo contínuo, do plantio até a embalagem final.
A equipe, uma espécie de família ampliada, cresceu em número e expertise. A fábrica emprega cerca de 80 funcionários altamente treinados, e durante as safras, essa família agrícola é fortalecida por mais de 600 mãos. A busca pelo piso salarial é obrigatória por lei, mas o orgulho reside na excepcional produtividade. A família Miada confirma que na lavoura de alho e cebola, os rendimentos atingem patamares surpreendentes, com trabalhadores ganhando até 300 reais por dia.
E através do excelente trabalho realizado , eles plantam, colhem, lavam, higienizam, separam por tamanho e embalam seus produtos, sempre com foco na qualidade do processo e na qualidade dos seus alimentos. Todo este trabalho criou uma identidade forte e a marca Miada, hoje é sinônimo de qualidade nas mesas dos brasileiros
EXEMPLO DE DEDICAÇÃO E AMOR PELO QUE FAZ
A família de Antônio Massao Miada não apenas cultiva a terra; eles também cultivam laços e tradições. A industrialização adicionou novos capítulos à sua história, mas o respeito pela terra e pelo outro continua sendo a força motriz. Essa é uma história que celebra o equilíbrio entre a inovação e a tradição, o trabalho árduo e a sabedoria, e acima de tudo, a resiliência que transforma sonhos em realidade.
A indústria Miada é um exemplo de como os produtores estão virando a página e entrando na arena da industrialização. Em vez de entregar apenas a matéria-prima, eles estão investindo na transformação de seus produtos em itens acabados, prontos para consumo ou para outras indústrias. Essa mudança de mentalidade não é apenas um passo corajoso, mas também uma oportunidade de ouro para agregar valor e sustentabilidade às suas lavouras.
O produtor rural brasileiro tem todas as condições para deixar de ser apenas fornecedor de matérias-primas e se tornar um protagonista na produção de produtos finais de alta qualidade. Com recursos naturais abundantes, expertise agrícola e um mercado consumidor interno robusto, o Brasil tem o potencial de se destacar na indústria de alimentos e outros setores relacionados.
A jornada do produtor rural brasileiro em direção à industrialização é uma narrativa emocionante de inovação e progresso. Essa transformação não apenas agrega valor à produção agrícola, mas também fortalece a economia rural, gera empregos locais e contribui para a sustentabilidade do setor. O produtor brasileiro está provando que, ao fechar a cadeia de produção, ele pode entregar produtos acabados que rivalizam em qualidade e competitividade com qualquer outra indústria do mundo. São histórias de sucesso como esta que estão moldando o futuro da agricultura no Brasil.