Você que está na cidade grande deve olhar para o céu e falar: Vem chuva por aí! Normalmente, chuvas fortes e torrenciais causam grandes problemas nos centros urbanos e no campo o tipo de problema é outro. A chuva tem um papel essencial para a agricultura. “Por isso é necessário saber se as condições climáticas e de tempo estão de acordo com a necessidade da produção. Com a informação meteorológica na mão, o produtor pode garante o máximo possível de produção e o mínimo de perdas”, comenta o meteorologista César Soares.

O Brasil tem um desafio enorme pela frente como um grande produtor de alimentos.  Com clima temperado e um ambiente tropical, é muito comum observamos dentro das lavouras a proliferação de plantas daninhas, fungos, vírus e bactérias que atacam as plantas.

Cada planta possui a sua fisiologia e as suas necessidades. Por exemplo, frio ou calor em excesso ou, ainda, volumes expressivos de chuva, podem acarretar em perdas irreparáveis, ou seja, prejuízo na certa. Para o produtor rural, o clima é um fator de incerteza e risco para sua produção.

Porque o clima é tão importante para a Agricultura

A agricultura e o clima andam de mãos dadas. Como vimos acima, não existe como produzir milho, soja, feijão, arroz, entre outras culturas sem levar em consideração fatores, como luminosidade (horas de sol), quantidade de chuva, temperatura e nível de umidade do solo. Como o Brasil é muito diverso, algumas culturas se adaptam melhor ao clima dependendo da região que se localiza. O café, por exemplo, Se adapta a lugares nem muito quentes e nem muito frios. Já a cana-de-açúcar encontra bom desenvolvimento em áreas mais quentes.

Quando você liga a TV ou o rádio e vê a moça do tempo dizer que pode ou não chover em determinado dia ou semana do mês, o produtor já corre para suas planilhas a fim de descobrir como ficará sua produtividade em relação ao número de sacas por hectare.

Hoje em dia já existem análises que conseguem quantificar os riscos dentro do campo que podem ajudar o produtor na tomada de decisão. No mundo da previsão do tempo, existem duas análises. São elas: previsão de tempo (diário) e a previsão de clima        (mensal, trimestral, semestral e até anual). A análise de clima ajuda o produtor rural compreender o risco futuro para sua produção.

Mas como isso é feito? A partir do conhecimento de dados de chuva e temperatura do passado é feito com o auxílio de modelos matemáticos de previsão análises de padrões de comportamento que podem afetar a produção. Basicamente, é feito uma análise com os dados e o comportamento do tempo no passado e, são acrescidos possíveis padrões futuros para a localidade de interesse onde está a produção. Quanto mais informação se obtém sobre as variáveis de risco de uma determinada área, melhor será a capacidade de antecipar os comportamentos futuros.

O que se procura hoje dentro das propriedades rurais é captar através de estações meteorológicas dados de vento, umidade, chuva e temperatura para que esses dados sejam usados para tornar as análises mais precisas com confiabilidade suficiente para auxiliar, de fato, o produtor na tomada de decisão e dar um panorama de risco em relação à gestão da produção agrícola. Na prática, a previsão de clima ajuda o produtor rural a compreender e prever o futuro a partir do conhecimento do passado, o que exige conhecimento estatístico e grande banco de dados.

Impacto do clima pode acarretar sinistros

O impacto do clima na agricultura é tão importante e significativo que o Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento enviou técnicos ao Rio Grande do Sul para verificar as condições das lavouras em desenvolvimento que foram afetadas por estiagem. A seca chamou a atenção do Mapa quando mais de 5 mil avisos de sinistros para as seguradoras foram acionados em um curto período.

Dados das seguradoras mostram que foram 2.829 acionamentos do seguro rural. Do total, 291 foram para o milho, 1.320 para a uva e 1.218 para vistoria de lavouras de soja (boa parte para replantio). No Proagro, foram registrados 2.722 comunicados de perdas, sendo 1.824 em milho, 529 em soja e 369 no feijão. Vale destacar que o produtor deve fazer o comunicado quando verificar perda na produtividade por problema climático e com pelo menos 15 dias de antecedência ao período da colheita.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e outros órgãos vinculados ao Mapa estão monitorando diariamente a plantação e o regime de chuvas no Rio Grande do Sul. De acordo com Marisete Belloli, da Gerência Agropecuária da Conab em São Paulo, nossa agricultura é extremamente diferenciada e privilegiada. É baseada no quadrilátero: terras agricultáveis, clima favorável, tecnologia de ponta e agricultura sustentável.

Para as próximas duas décadas, a agricultura brasileira desponta como maior celeiro mundial. Tudo isso é fruto de uma produção fortemente baseada em pacote tecnológico, produtividade elevada e o comprometimento e consciência do produtor rural, aponta Belloli.

E o clima continuará a ter papel fundamental no desenvolvimento das culturas e na tomada de decisão do produtor/gestor do agronegócio.

Angela Ruiz, assessora de Imprensa e Jornalista com foco em clima e Agro na Climatempo A StormGeo Company. Integrante da Liga do Agro.