//O Agro e o Negócio

O Agro e o Negócio

Por Gustavo Chavaglia, presidente da APROSOJA São Paulo

O termo Agronegócio compreende todas as cadeias produtivas, de montante a jusante, que compõem ou contribuem para a produção agropecuária dentro e fora da “porteira”, desde indústrias de máquinas, insumos, bancos que financiam, armazenamento, transporte, comercialização e transformação, chegando até a distribuição! 

Ocorre que, dentro desta quantidade de participantes e elos de cadeias produtivas, se faz necessário separar as cadeias de produção, a fim de entendermos os reais interesses de cada setor desta composição chamada “Agro-Negócio”.

Por mais que estejamos conectados e interdependentes, para que possamos obter o produto final, os interesses de cada segmento difere – e muito – um do outro, tornando assim interesses por vezes antagônicos. Mas, o que mais chama a atenção são entidades que representam apenas segmentos e não todo o Agronegócio querer representá-lo como se o mesmo tivesse o “pé na terra” falando ou impondo obrigações à produção rural dentro da porteira.

Obviamente, caminhamos observando a demanda mundial por alimentos de qualidade, que chegam ao produtor rural como boas práticas de produção sustentáveis, na questão ambiental (vide Código Florestal), uso correto de defensivos, devolução de embalagens, também em questões trabalhistas e sociais, na rastreabilidade de produção e produtos, etc.

Neste sentido, aparecem as certificações por consultorias e assessorias que auditam as boas práticas agrícolas e pecuárias, como também nas empresas que produzem insumos, máquinas, etc.; tudo isso em nome da qualidade e que se diz bom para a produção e produtos para consumo dos brasileiros e de consumidores estrangeiros!

Neste sentido, observo que a produção brasileira caminha em compasso com exigências mundiais, bastaria que todos os segmentos do Agronegócio estivessem alinhados com interesse comum a todos e, o que ocorre, por vezes, são depoimentos e reportagens que demonstram os reais interesses que setores do “Negócio” do Agro, interpondo-se aos interesses comuns da produção brasileira do Agronegócio, onde segmentos que estão com suas fábricas e escritórios nos grandes centros urbanos, se posicionam a prejudicar a imagem da produção brasileira e, principalmente, do produtor rural, o qual tem sua produção a “céu aberto”. É o produtor quem processa todos os recursos do dito “Agronegócio” que aqui chamados de Negócio do Agro, recursos estes como dinheiro de financiamento (bancos), máquinas (indústrias), insumos (fertilizantes e defensivos), etc.

  Temos este produtor que trabalha para que tudo dê certo (produção e preços), para que se possa honrar seus compromissos e pagamentos aos fornecedores (Negócio) e poder continuar na atividade rural e sua subsistência!

Contudo, sem vitimismo por parte do produtor, acredito que se faz necessário separar o Agro do Negócio, para que todos saibam o verdadeiro interesse de cada lado, cabendo ao produtor entender suas relações com o Negócio, que a cada dia importa muito a participação do produtor rural em entidades representativas como associações, sindicatos, etc., dando opiniões e recebendo também, pois se queremos um Agropecuário melhor, precisamos participar mais de assuntos econômicos, políticos e outros que afetam a atividade agrícola, para não deixarmos que o “Negócio” fale mais alto que o Agro.

Passou da hora de “rachar” o Agro do Negócio… O negócio representa as indústrias, bancos, esmagadoras, tradings e outros, que têm seus interesses distintos; enquanto o Agro é defendido por suas associações de fato!!