//Oferta de matéria-prima e menos impostos: prioridades para a indústria

Oferta de matéria-prima e menos impostos: prioridades para a indústria

“É inaceitável que a indústria arque com um terço dos impostos nacionais, tendo participação de apenas 11% do PIB” afirma vice-presidente da FIESP/CIESP em encontro com industriais de Franca (SP) e Região.

Em reunião virtual na tarde desta terça-feira, 11 de maio, com empresários de Franca e região, Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), ouviu os relatos sobre os principais problemas que têm afetado localmente o setor, que deverão merecer a atenção das entidades. O excesso de impostos, fator estrutural do País, e a falta atual de matérias-primas, principalmente aço e papelão, são as dificuldades mais agudas.

Cervone relatou aos empresários que havia mantido reunião, hoje (11/5) de manhã, com quatro integrantes do Ministério da Economia, exatamente para tratar de questões relativas à competitividade da indústria, dentre elas a reforma tributária. Expôs ser inaceitável que a indústria arque com um terço dos impostos nacionais, tendo  participação de apenas 11% do PIB. Os tributos, frisou, são responsáveis por uma diferença de custo, a maior para o Brasil, de R﹩ 270 bilhões anuais em relação à média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Outros R﹩ 300 bilhões dizem respeito aos onerosos encargos trabalhistas.

“No total, considerando 12 fatores, operar em nosso país implica custo de R﹩ 1,5 trilhão a mais do que nos membros da OCDE”, acentuou o dirigente da FIESP/CIESP. Os dados constam de estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC), do qual participaram diversas entidades de classe. “E as nossas desvantagens concorrenciais vão aumentando, à medida que outras nações estão apoiando a indústria, pois a reconhecem como fundamental para vencerem a crise da Covid-19, como tem ocorrido na Europa, onde ouvi, em reunião do B20, braço privado do G20, que o setor terá diferimento e postergação de impostos. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden destinou US﹩ 300 bilhões para o fomento da atividade”, comparou.

Quanto à questão pontual da falta e aumento dos preços das matérias-primas e insumos, Cervone lembrou a majoração do gás natural de 39% este mês e apontou o aço e o papelão como os dois casos mais graves. Relatou aos industriais de Franca, onde o problema tem sido recorrente, que a FIESP/CIESP está mantendo conversas com os fornecedores em busca de uma solução. “Além de dificultar o atendimento à demanda e pressionar os preços, essa questão acaba reforçando o argumento do governo em sua intenção de reduzir as tarifas de importação de bens industriais, o que seria ainda mais nocivo para nossa atividade”, ponderou.

Cervone concordou com os empresários de Franca quanto à prioridade de resgatar a competitividade da indústria. “Em função dos itens do Custo Brasil apontados no estudo que citei, concorremos em desigualdade com o Exterior; devido à guerra fiscal, São Paulo sofre disputa desleal com outros estados; e as feirinhas da madrugada, cada vez mais presentes em numerosas cidades, nas quais não se recolhem impostos e se paga até com bitcoins não rastreáveis, complementam a onda de desvantagem concorrencial que bate nas nossas empresas”.

Eleições nas entidades de classe

Cervone, candidato a presidente do CIESP, pela Chapa 2, nas eleições de 5 de julho, informou que ele e Josué Gomes, postulante à presidência da FIESP, estão focados nas questões prioritárias da indústria. Explicou que o modelo para o pleito, com  diretoria autônoma para cada entidade, mas com sinergia total entre ambas, corresponde a um desejo quase unânime das bases empresariais.

Por isso, Cervone tem Josué como primeiro vice-presidente no CIESP. Na FIESP, as posições invertem-se. “Garante-se, assim, a total união das duas casas”, enfatizou, acrescentando: “A Chapa 2 do CIESP tem 78% de seus membros do Interior de São Paulo e renovação de 52%, índice de integrantes que não participam da presente gestão. Possui representatividade nas 42 diretorias regionais e conta com elevado
número de mulheres, jovens empreendedores, pequenos e médios industriais”.