//Agro inovador e sustentável

Agro inovador e sustentável

Não há mais dúvida de que a preocupação com a sustentabilidade da produção deixou de ser apenas um modismo – é uma tendência que veio para ficar. Para ser sustentável, a atividade econômica deve garantir que todas as etapas de seu processo produtivo tenham o menor impacto ambiental possível.

 Por falta de informação, o agro brasileiro tem sido acusado de insustentável. Houve, realmente, nos últimos anos, um recrudescimento do desmatamento, especialmente na Amazônia Legal e no Cerrado, provocando  sérios prejuízos à imagem internacional do País. Entretanto, isso não pode ser visto como regra no setor.

É importante ressaltar que o Brasil só está no centro dessa discussão ambiental por ser um dos maiores produtores mundiais de alimento. Sabemos que muita coisa precisa ser feita para controlar a supressão da cobertura vegetal, porém, estamos diante de uma “guerra ambiental” e, infelizmente, estamos perdendo a batalha das narrativas.

  A realidade mostra-se bem diferente, com uma preocupação crescente do setor agropecuário em conciliar a atividade econômica com a sustentabilidade da produção. E não faltam exemplos disso. 

Comecemos pela legislação. O Código Florestal Brasileiro é uma das poucas legislações no mundo que impõe restrições ao uso da Reserva Legal e das Áreas de Preservação Permanente. E, segundo dados da Embrapa, 30,2% das áreas das propriedades rurais conservam sua vegetação nativa.

Outro exemplo é o Sistema Campo Limpo – a logística reversa das embalagens de defensivos agrícolas. Com mais de 100 unidades de recebimento por todo o país, o sistema tem encaminhado 94% de todas as embalagens plásticas produzidas pelo setor para reciclagem ou incineração, transformando o Brasil em referência mundial na destinação ambientalmente correta do material. 

A nossa agricultura tem demostrado, portanto, que é perfeitamente possível aliar produção com preservação ambiental. Porém, sabemos que essa consciência precisa ser incorporada por todos, de forma que possamos consolidar uma cultura conservacionista, focada na adoção de sistema e práticas cada vez mais sustentáveis. E já estamos trilhando esse caminho.

Quando Brasil assumiu, no Acordo de Paris, o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37%, até 2025, e em 43%, até 2030, o Ministério de Agricultura criou os planos setoriais de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas, que, na agricultura, ficou conhecido como Plano ABC – Agricultura de Baixo Carbono. 

Como as atividades agropecuárias respondem por ¼ das nossas emissões nacionais brutas, o Plano ABC propõe levar ao agricultor tecnologias de remoção e incorporação do carbono atmosférico. São práticas conhecidas há décadas, mas que agora tem sido replicadas por todas as regiões do país, como a recuperação do vigor de Pastagens Degradadas; a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e Sistemas Agroflorestais; o Sistema Plantio Direto; na Fixação Biológica do Nitrogênio; as Florestas Plantadas; e o Tratamento de Dejetos Animais. 

Na primeira etapa do plano (2010-2020), foram recuperadas 4,5 milhões de hectares de pastagens degradadas, convertidas 5,8 milhões de hectares para a Lavoura-Pecuária-Floresta e plantados 10 milhões de hectares no Sistema de Plantio Direto. No que diz respeito às emissões, foram 173 milhões de toneladas CO2 e* evitadas.

Agora com o Plano ABC +, a meta é recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas, converter 10 milhões de hectares em Integração Lavoura-Pecuária-floresta e plantar 12,5 milhões de hectares no Sistema de Plantio Direto. Além disso, irrigar 3 milhões hectares, plantar 4 milhões de hectares de florestas plantadas, utilizar bioinsumos em 13 milhões de hectares e aplicar técnicas de engorda rápida em 5 milhões de cabeças de gado – uma verdadeira transformação na forma de fazer agricultura  no país.  

Os novos padrões de consumo vão, certamente, conformar as cadeias produtivas do agronegócio e o Brasil tem todo o potencial de produzir alimentos únicos e alinhados com as novas demandas. 

Precisamos é acelerar ainda mais essa transição e mostrar para o mundo o nosso firme compromisso com a sustentabilidade.

Arnaldo Jardim

Deputado Federal

Membro da Frente Parlamentar Agropecuária e presidente da Frente da  Economia Verde