//Grande prejuízo aos cafeicultores: Sincal pede socorro ao ministério da agricultura

Grande prejuízo aos cafeicultores: Sincal pede socorro ao ministério da agricultura

Entre as medidas emergenciais, a Associação solicita que a política cafeeira seja revisada; que os recursos do FUNCAFÉ sejam direcionados apenas aos cafeicultores; a prorrogação de todos os financiamentos rurais e dos Barters; e a correção dos preços mínimos vigentes do arábica e conilon

As consequências das geadas deste ano, que atingiram as lavouras de café de um modo geral e a seca de 2020 e 2021 são graves para o setor cafeeiro brasileiro. A previsão é de que haverá uma quebra de, pelo menos, 20 milhões de sacas aos cafeicultores.

A Sincal – Associação dos Cafeicultores do Brasil – percorreu as principais regiões, juntamente com o analista internacional Judith Ganes, para confirmar tais ocorrências. “Visitamos meeiros, propriedades familiares, médios produtores e os maiores produtores do Brasil. Podemos afirmar que o prejuízo na produção prevista é de 50 a 70%. Mesmo as lavouras irrigadas estão sofrendo a seca e muitas das quais não terão agua para irrigação, devido aos reservatórios, rios e mananciais baixos. O Conillon também foi atingido pela seca mais numa intensidade bem menor nas regiões visitadas, por volta de 10-15% de prejuízo. “Sofremos uma seca de 2014 a 2017 – um agravante gigantesco – e estamos endividados até hoje, por isso que não há aumento de produção do Conillon e não vai ocorrer nos próximos 3 anos, porque não temos capital de giro para bancar essa lavoura e nem para investimento novos”, relatou a vice-presidente da Sincal, Ildineia Boroto. 

“Dentro do Exposto, calculamos que teremos um prejuízo na produção ao redor de 20 milhões de sacas a nível Brasil. Visitamos Cooperativas, Armazéns e, constatamos o baixíssimo recebimento de café da safra atual além de baixo movimento de transportadoras nas principais cooperativas e depósitos cafeeiros do Brasil”, expôs o presidente da Sincal, Armando Mattiello. 

Quanto às geadas, nas lavouras totalmente atingidas, o prejuízo calculado é de que 20 a 30% dos produtores não colherão nada em 2022 e ainda terão reflexo na produção de 2023/24; e nas parcialmente atingidas, o mesmo número de cafeicultores terão colheita parcial para o ano que vem e prejuízos estendidos até os próximos dois anos. 

“Essas previsões são preliminares e oriundas de visitas em algumas regiões e relatos das  equipes da SINCAL que estão distribuídas por todas as regiões cafeeiras, além de relatos de muitos cafeicultores. As demais lavouras que não foram atingidas também poderão sofrer prejuízos dado ao stress hídrico das duas secas somados ao frio e poderão optar por vegetação ao invés de produção. A safra de 2022 e 2023 terá um prejuízo, no mínimo, de 25 milhões de sacas”, analisou. 

Na somatória dos prejuízos provocados pelas duas secas sucessivas e as geadas, a Sincal estima um déficit de, pelo menos, 45 milhões de sacas de café para as duas safras (2021/2022 e 2022/2023).

PEDIDO DE SOCORRO AO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

Ao analisar o grande prejuízo ao setor, a Associação dos Cafeicultores do Brasil enviou um documento à ministra da agricultura, Tereza Cristina Correa da Costa Dias, apresentando a situação do café no país e as medidas emergenciais necessárias para atender aos produtores rurais neste momento: passar a limpo a política cafeeira; financiamentos rurais; trocas (barter); FUNCAFÉ; e preço mínimo.

PASSAR A LIMPO A POLÍTICA CAFEEIRA – Para a Sincal, a atual conjuntura está obsoleta e trazendo sérios prejuízos aos cafeicultores e à nação de R$ 5 a 7 bilhões de dólares no superávit da balança comercial, afetando diretamente os 308 mil cafeicultores, aproximadamente 2 milhões de trabalhadores rurais diretos e as cidades que vivem com a economia cafeeira. “O que vemos hoje, é que as instituições (CNC, CNA, CDPC, Frente Parlamentar do Café e as Federações) não estão cumprindo com o papel proposto muito pelo contrário, estão dentro do citado Corporativismo”, disse Armando.

 

FINANCIAMENTOS RURAIS – A Sincal pede a prorrogação de todos os financiamentos rurais, no mínimo com 2 anos de carência e 4 parcelas proporcionais para os pagamentos sem afetar o crédito junto às instituições financeiras.

 

TROCAS (BARTER) – A entidade solicita a prorrogação, por dois anos, às referidas trocas, pois os cafeicultores não terão cafés suficientes para cumprir com essas obrigações.

 

FUNCAFÉ – A Associação destaca que muito pouco desses recursos são destinados aos cafeicultores, sendo direcionados mais a ABIC, ABICS, cooperativas e outros. “As Cooperativas alegam que estão passando aos cafeicultores, mas, não querem divulgar os CPF´s dos titulares numa demonstração de aplicação para outras finalidades. No nosso entendimento, cabe uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para verificar a aplicação desses recursos.”  E pede: “Nesse momento de uma situação de sérias dificuldades para o setor produtivo, a verba do FUNCAFÉ que gira ao redor de R$ 6 bilhões deverá ser destinado único e exclusivamente aos produtores”.

PREÇO MÍNIMO – A entidade solicita, com urgência, a correção dos preços mínimos vigentes que são R$ 369,40para o Arábica e R$ 263,93 para o conilon. “Esse preço mínimo ridículo impede que os cafeicultores financiem os seus estoques nos agentes financeiros, forçando-os a fazer Barter (trocas) e a necessidade de vender o seu café em plena safra aos preços manipulados pelas grandes cooperativas e oligopólios. Com isso, o cafeicultor fica sempre no ‘cabestro’ do corporativismo”, ressalta o presidente em ofício enviado para a ministra.