//Novos pilares para o desenvolvimento brasileiro

Novos pilares para o desenvolvimento brasileiro

A globalização transformou progressivamente as relações comerciais no mundo e no Brasil, onde os seus efeitos tornaram-se indispensáveis ao desenvolvimento econômico do País, a partir dos anos 90. Com a abertura econômica, o agronegócio ganhou destaque pela sua dinâmica exportadora.

A integração dos mercados e a maior abrangência dos fluxos de comércio internacional têm influenciado diretamente no padrão de crescimento do agro brasileiro que, combinado com outros fatores, como a disponibilidade de terra e o desenvolvimento de tecnologia voltada ao clima tropical, determinam a busca permanente do setor por ganhos de produtividade e eficiência no processo produtivo.

Atualmente, observa-se um movimento em prol da desglobalização, do nacionalismo e de uma reconfiguração das relações internacionais. Os Estados Unidos e a China, nos polos dessa discussão, se enfrentam comercialmente, trazendo incertezas quanto ao futuro do comércio global.

A questão que se impõe é saber se o pragmatismo comercial baseado em uma nova geopolítica mundial, com países e blocos mais conservadores e protecionistas, irá sobrepor à doutrina do livre mercado e dos acordos multilaterais de comércio que dominaram as últimas três décadas.

Na perspectiva da FAESP, embora o momento seja de reflexão e dúvida, o Brasil deve reafirmar os compromissos com a integração econômica, com o desenvolvimento regional e a cooperação entre países e blocos.

O acordo de livre comércio MERCOSUL – União Europeia foi um importante passo nessa direção. Contudo, compete aos negociadores brasileiros firmeza no acompanhamento da implantação do acordo, de modo que questões sanitárias e fitossanitárias, barreiras técnicas, regras de origem, propriedade intelectual e desenvolvimento sustentável não se tornem pretexto para o não cumprimento do acordo.

Paralelamente, a política externa brasileira deve se manter atuante, buscando avançar na realização de novos acordos e na abertura de mercados, na redução de medidas protecionistas e no aprimoramento do sistema de defesa sanitária e inspeção animal e vegetal, com envolvimento das empresas privadas e suas respectivas entidades de representação setorial.

Essa dinâmica vem se mostrando profícua nas últimas missões oficiais do Ministério da Agricultura à Ásia (Japão, China, Vietnã e Indonésia), ao Oriente Médio (Egito, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes), à Alemanha e, mais recentemente, à Índia.

Pela ótica institucional, cabe destacar a importância da estabilidade política e macroeconômica do País, fundamentais para garantir a construção de relações de longo prazo, capazes de manter o Brasil distante da armadilha do baixo crescimento, da alta inflação, das elevadas taxas de juros e da falta de investimentos.

O momento é oportuno para fortalecer as relações, investir e focar em ações voltadas ao desenvolvimento sustentável. Nossa convicção é que com maior abertura comercial, liberdade econômica e um ambiente favorável aos negócios, o Brasil experimentará um ciclo sustentável de crescimento. E nessa esteira, o agronegócio continuará contribuindo inequivocamente para o progresso do Brasil, bem como para o abastecimento e manutenção da paz mundial.

Dr. Fábio de Salles Meirelles /Presidente do Sistema FAESP/SENAR-AR/SP